Produção de álcool 70% e sabão se transforma em alternativa de renda para agricultores familiares do Oeste da Bahia

07 de maio de 2020, 11:58

O álcool etílico está sendo produzido a partir da redestilação da cachaça artesanal feita pelos agricultores familiares (Foto: Ascom/SDR)

Agricultores familiares da Associação dos Produtores de Cana-de-Açúcar (Aprocana), da comunidade Brejo da Cachoeira, no município de Barra, no Oeste da Bahia, estão produzindo álcool etílico 70% glicerinado e sabão líquido, para dar apoio às ações de combate à COVID-19 no município.

A associação produz originalmente rapaduras, melaço e cachaça. Os produtos são vendidos para os mercados locais e para atravessadores, mas, com a pandemia, houve queda nas vendas. Foi então que surgiu a parceria com o Centro Multidisciplinar da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). A associação dispõe da matéria-prima e equipamentos do alambique e a UFOB da pesquisa e do conhecimento técnico.

Produção – O álcool etílico está sendo produzido a partir da redestilação da cachaça artesanal feita pelos agricultores familiares. Foram produzidos cerca 140 litros de álcool 70%. Já de sabão líquido 50 litros foram produzidos, a partir de óleo doméstico usado da comunidade e também da doação de bares, restaurantes e da população de Barra.

Além de contribuir com as ações de saúde no combate ao vírus, a ação está incentivando a economia local, pois a prefeitura do município está comprando a cachaça dos agricultores para a produção do álcool, possibilitando o incremento na renda de 80 famílias, neste momento de crise. Além disso, garantiu a compra de toda a produção de álcool e sabão, que estão sendo direcionados para assepsia de ambulâncias, equipamentos e a própria higienização das mãos dos profissionais da saúde. Também serão doados para casas de permanência de idosos e população carente.

Parcerias – O vice-diretor da UFOB, Paulo Roberto Filho, afirmou que a parceria com a associação e prefeitura vem sendo importante para a produção de saneantes, necessários no combate da pandemia e explicou como acontece a produção: “Estamos retirando o  álcool da cachaça e transformando em álcool 70%, ideal para desinfecção. Montamos uma estrutura de destilação controlada do álcool da cachaça e concentramos esse álcool para 75 a 85%. Depois, preparamos o álcool 70% glicerinado, que é uma fórmula indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)  e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”.

A Aprocana está sendo beneficiada pelo projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), do Governo do Estado, a partir de empréstimo com o Banco Mundial. São R$R$ 178 mil que estão sendo investidos na requalificação da agroindústria dos derivados da cana-de-açúcar. A associação vem sendo acompanhada com assistência técnica e com um consultor para a elaboração do plano de negócios da reestruturação.

Com a atual realidade enfrentada pelo mundo, a associação vem se adaptando e fazendo novos planos para um futuro próximo. De acordo com o presidente da Aprocana e estudante de agronomia da UFOB, Nelson Lima de Meira, a parceria com a universidade melhorou a questão econômica atual da associação e trouxe novas perspectivas: “Com essa ação, envolvemos o produtor, pois adquirimos a matéria-prima dele e todos ganham. Essa é a nossa contribuição no combate a essa doença aqui na região. Além disso, hoje já vemos a produção do álcool e sabão como uma alternativa para agricultura familiar e vamos incluir no nosso projeto do Bahia Produtiva, pois sabemos que não dá mais pra viver sem esses produtos”.

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