Tema da redação do Enem, acesso ao cinema é desigual e concentrado no Sudeste

05 de novembro de 2019, 13:56

Edição 2019 do Enem teve 5,1 milhões de inscritos (Foto: Sérgio Lima/Poder360)

Nesse domingo (3.nov.2019), o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) mobilizou mais de 3,9 milhões de candidatos em todo o Brasil, de acordo com balanço do Ministério da Educação. O número equivale a 76,9% dos 5,1 milhões de inscritos – esta é a edição com menor número de inscritos desde 2010. Um dos tópicos da 1ª etapa do exame foi a redação, que teve como tema a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.

Em resposta ao ministro da educação, Abraham Weintraub, que classificou a prova como “a cara do governo Bolsonaro”, a UNE (União Nacional dos Estudantes) destacou os cortes no setor audiovisual brasileiro. Em tuíte publicado logo ao fim da 1ª prova do exame, a instituição atribuiu “nota zero” às propostas do governo para a área da cultura.

Segundo o presidente da UNE, Iago Montalvão, a crítica se refere à alegada “ironia do tema” escolhido para a redação. “Demonstra a inversão do papel do Estado em garantir a democratização ao acesso do cinema. Isso se manifesta muito pela desestruturação da Ancine. Uma maneira de enfraquecer a produção cinematográfica”, comentou.

Os dados disponibilizados pelo Observatório Brasileiro do Cinema e Audiovisual mostram a concentração de salas de cinema na região Sudeste, que abriga 1.761 salas. No Nordeste, são 103.578 habitantes por sala: são só 548 telas de cinema em toda a região. Segundo assessoria da Ancine (Agência Nacional de Cinema), no entanto, há “1 crescimento bom” do setor nos estados nordestinos.

O Estado de São Paulo é o principal centro de produção, distribuição e exibição de conteúdos audiovisuais do país. O governo paulista acaba de lançar o ProAV-SP (Programa de Investimento no Setor Audiovisual de São Paulo), com R$ 200 milhões em linhas de crédito e investimento para empresas do setor.

Segundo o secretário da Cultura de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, “é importante que os jovens reflitam sobre temas culturais, sobretudo a ampliação do acesso”.

O setor audiovisual contribui hoje em 0,46% do PIB brasileiro. São mais de 300 mil postos de trabalho. “A redação do Enem estimula positivamente essa reflexão. Mais acesso à cultura significa mais desenvolvimento humano e econômico”, afirmou o secretário.

Boas Festas!

VÍDEOS