Sergio Camargo diz que orgulho de cabelo de negros é ridículo

20 de dezembro de 2020, 15:29

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, disse ainda para pessoas que têm cabelo afro não reclamarem quando não conseguirem oportunidades de trabalho (Foto: Reprodução/Poder 360)

Depois de ser criticado por sugerir, em tom de ironia, “máquina zero obrigatória para a negrada”, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, afirmou que “nada é mais ridículo do que ter orgulho do cabelo”. A declarações foram feitas em seu perfil no Twitter na manhã desta domingo (20.dez.2020).

Na 6ª feira, Camargo havia compartilhado imagem de notícia do Poder360 que relata os comentários feitos por ele no microblog ao longo da semana passada. Ele tweetou artigo que tratava dos desafios enfrentados por pessoas com penteado afro na hora de usar fones. Camargo, que é careca, recomendou que negros abrissem mão dos fios: “Corta o cabelo, pô”.

Em uma série de postagens, Camargo disse que não tinha o que reclamar do corte de cabelo dele. “Sou careca, como todos já devem ter notado. No entanto, caso tivesse, meu cabelo não seria afro. O cabelo do negro é carapinha”, escreveu. “Não tenha orgulho do seu ‘cabelo afro’, orgulhe-se das suas conquistas”.

Em tom de ironia, o presidente da Fundação Palmares afirmou que fones de ouvido para “pretos cabeludos” importam – parafraseando o termo Black Livre Matter (Vidas Negras Importam), do movimento internacional que combate a violência contra pessoas negras.

O presidente da Fundação Palmares deixa subentendido ainda que, para ele, a falta de oportunidades no mercado de trabalho a pessoas negras está relacionada ao cabelo crespo. “Ensinam pretos a defender seu ‘cabelo afro’, em vez da educação livre de doutrinação e do método Paulo Freire. Depois, com suas vastas cabeleiras, reclamam da ‘falta de oportunidades para pretos no mercado de trabalho’”, declarou.

O cabelo crespo é um marcador racial visível. Além de ser considerado uma característica física da pessoa negra, seu uso é visto como um ato político, considerando os padrões impostos pela sociedade que incidem sobre a estética do cabelo liso e a influência que o uso tem na construção da autoestima e identidade negra. Na avaliação de Camargo, não. “É só isso o tuíte”, escreveu neste domingo (20.dez.2020)

RACISMO NO BRASIL

O preconceito contra o cabelo crespo ou cacheado também é uma forma de racismo. Pesquisa PoderData, realizada de9 a 11 de novembro, indica que 81% dos brasileiros dizem haver preconceito contra negros no Brasil. Para 13% da população, o racismo não existe no país. Outros 6% não souberam responder.

Além da percepção sobre a existência do racismo no Brasil, o PoderData fez a seguinte pergunta aos entrevistados: “Você diria que tem preconceito contra pessoas negras?”. O resultado do levantamento mostra que 34% dos brasileiros afirmam que sim, consideram ter preconceito contra negros. Já os que dizem que não somam 57%.

 

 

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