Para bom entendedor, meia palavra basta

16 de maio de 2024, 14:58

(Foto: Gervásio Lima)

*Gervásio Lima –

Não basta apenas querer. É preciso saber que nem sempre a vontade prevalece, principalmente quando um outro possui a mesma intenção. Confundir poder com desejo é enganar um sentimento egoísta, típico do narcisista que enganosamente acredita que existe apenas uma verdade, a sua.

Agir de forma a agradar o ego, não respeitando as diferenças, levará o sujeito, inevitavelmente, ao fracasso e, talvez, ao ostracismo. Mostrar superioridade mesmo sabendo que numa construção o pilar do telhado parte do chão, não é uma demonstração de falta de conhecimento, mas de ‘nanismo mental’, quando a inferioridade está intrínseca na alma.

Na prática, o ‘querer é poder’ somente na expressão popular, como uma frase motivacional para encorajar os que buscam a realização dos sonhos. Uma espécie de impulso para o desacreditado.

Infelizmente, nem tudo que se almeja é alcançado. O que é simples e possível para uns pode ser bastante complicado e distante para outros, daí vem o problema: acreditar em algo por excesso de otimismo e depois sofrer com a decepção e o sentimento de incapacidade.

Em determinadas situações, o querer facilita sim, e muito, o poder. Geralmente a ninhada, por exemplo, se sobressai da proeminência.

Diversos dizeres da cultura popular refletem com autenticidade passagens do cotidiano, muitas vezes usando uma linguagem própria, de quando e quando carregada de algum tipo de preconceito, como o que diz que ‘pobre só dá o filho para o rico batizar para chamá-lo de compadre’. Uma pena, o afilhado quase sempre não escolhe o seu padrinho.

“… Cantor atormentado

Herdeiro sarará

Do nome do renome

De um feroz senhor de engenho

E das mandingas de um escravo

Que no engenho enfeitiçou

Sinhá”. Sinhá – Chico Buarque e João Bosco

*Jornalista e Historiador