Papa lamenta que o ano tenha começado com tensões e violência no mundo

09 de janeiro de 2020, 16:22

Francisco manifestou preocupação com os sinais vindos do Oriente Médio após a escalada de tensão entre Irã e Estados Unidos.

OPapa Francisco lamentou nesta quinta-feira que o início do ano tenha ficado marcado pela “intensificação de tensões e violência”, manifestando preocupação com os sinais vindos do Oriente Médio após a escalada da tensão entre Irã e Estados Unidos.

Francisco fez estas declarações durante o tradicional encontro do início de ano com o corpo diplomático do Vaticano, que serve para fazer um balanço do ano anterior e denunciar conflitos e desigualdades no mundo.

Para o Papa, essas tensões estão “colocando em risco todo o lento processo de reconstrução no Iraque” e denunciou que as mesmas podem “criar a base para um conflito de maior escala que todos desejam que seja evitado”.

Diante disso, Francisco renovou o seu apelo a todas as partes envolvidas “para evitar o aumento do confronto e a manter acesa a chama do diálogo e do autocontrole, em pleno respeito da legalidade internacional”.

Diante dos embaixadores dos 183 países com os quais o Vaticano mantém relações, o Papa disse que “infelizmente, o Ano Novo não parece ter sido marcado por sinais encorajadores, mas sim por uma intensificação de tensões e violência”.

Entre outros assuntos, Francisco voltou a falar no seu discurso da questão do abuso infantil por membros do clero, que descreveu como “crimes muito graves” e “crimes que ofendem a Deus, causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e ferem a vida de comunidades inteiras”.

O Papa reiterou que, depois da reunião da hierarquia da Igreja Católica no Vaticano em fevereiro, a Igreja “renova o seu compromisso de investigar os abusos cometidos e garantir a proteção dos menores” e que seja enfrentado tanto no campo do direito canônico como através da colaboração com autoridades civis, locais e internacionais”.

Francisco também abordou a necessidade de “reacender o compromisso para e com as gerações jovens” e deu o exemplo do compromisso de muitos jovens com a questão das mudanças climáticas.

O Papa se mostrou preocupado com a multiplicação de crises políticas nos países latino-americanos e afirmou que, embora tenham raízes diferentes, têm em comum profundas desigualdades, injustiças e corrupção endêmica.

Ele ainda apelou aos líderes políticos desses países para “se esforçarem para restaurar urgentemente uma cultura de diálogo” e reforçar “instituições democráticas e promover o respeito pelo Estado de direito, a fim de evitar desvios não democráticos, populistas e extremistas”.

Também lembrou “a urgência de que toda a comunidade internacional, com coragem e sinceridade e no respeito ao direito internacional, confirme novamente o seu compromisso de sustentar o processo de paz entre israelitas e palestinos”, e denunciou o que descreveu como “o manto de silêncio que tenta cobrir a guerra que destruiu a Síria durante esta década”.

O Papa também mencionou o conflito no Iémen e o sofrimento de sua população e considerou “necessário lembrar que existem milhares de pessoas no mundo, com pedidos legítimos de asilo e necessidades humanitárias e de proteção comprovadas, que não são adequadamente identificadas”.

“Muitos arriscam as suas vidas em viagens perigosas por terra e principalmente por mar. Continua-se a notar, com dor, que o Mar Mediterrâneo ainda é um grande cemitério”, disse, acrescentando que é “cada vez mais urgente que todos os Estados assumam o controle do responsabilidade de encontrar soluções duradouras”.

Francisco reiterou a mensagem que lançou durante a sua visita ao Japão, de que um mundo “sem armas nucleares é possível e necessário” e que “aqueles com responsabilidades políticas devem estar plenamente cientes disso”.

Concluiu referindo-se ao fato de que este ano é o quinto centenário da morte de Rafael Sanzio e destacou que o pintor italiano renascentista dedicou numerosas pinturas à Virgem Maria. Esse detalhe o levou a direcionar uma memória específica a todas as mulheres, 25 anos após a Quarta Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, realizada em Pequim em 1995, desejando que “no mundo inteiro fosse reconhecido cada vez mais o precioso papel das mulheres na sociedade e cesse qualquer forma de injustiça, desigualdade e violência contra estas”.

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