O conceito não pode ser antecipado

13 de junho de 2018, 14:04

Por Gervásio Lima  –  

 

Que o preconceito é algo intrínseco entre as sociedades todo mundo sabe; e os que fingem desconhecer pregam cotidianamente sentimentos repugnantes iguais ou piores. A maldade não é prerrogativa apenas dos que são considerados do mal, aqueles que cometem algo fora da ‘ética padrão’ de determinado grupo social. Muitos lobos travestidos de cordeiros se apresentam como o bem para cometer as mais inimagináveis atrocidades contra o próximo. Ledo engano os que se juntam às opiniões formadas em detrimento à sua própria capacidade de discernir o certo do errado.

Talvez por acreditar que o mais fácil custa menos e apresenta resultados mais rápidos, muitas pessoas estão perdendo a oportunidade de contemplar a vida em harmonia com tudo e todos que estão em sua volta. Falsas ‘otimizações’ têm sido as principais responsáveis pela decadência das relações afetivas e coletivas. Encurtar caminhos recorrendo a atalhos pode tornar o tempo entre a saída e a chegada mais curto, mas não proporcionará a mesma sensação de descompromisso com a pressa e, consequentemente, não gozará da oportunidade em desvendar e conhecer o desconhecido do caminho. O bom da viagem, às vezes, é a demora.

Pior que a procura por facilidades é achar que viver para os outros é sinônimo de felicidade. A busca insana pela perfeição de uma beleza estereotipada por um canal de televisão ou por uma empresa de cosméticos por exemplo, tem produzido seres literalmente artificiais, infelizes e egoístas. Querer ser o que não pode, ou acreditar que pode, causará inevitavelmente prejuízos irreparáveis na vida dos incautos e quiçá aos que fazem parte do seu convívio. Aquele que não se aceita dificilmente aceitará as diferenças dos seus semelhantes.

Uma sociedade que prega uma moral inexistente onde as pessoas vivem de aparência, fingindo ter virtudes que não possuem, é pateticamente hipócrita. Apontar o dedo indicador em riste e esquecer que o polegar está da mesma forma direcionado para si demonstra uma reciprocidade nem sempre percebida pelo autor do ato. Tal comportamento representa não apenas agressividade e prepotência, mas também um símbolo da falta de humildade. Como diz o provérbio popular: ‘quem com ferro fere, com ferro será ferido’, por tanto, qualquer que seja a ação realizada esta poderá voltar positivamente ou negativamente. Falar de Nordestino é crime, mas fazer piada de gaúcho pode?

A má interpretação de mundo e, ou, a falta de autenticidade tem contribuído para a formação de indivíduos perniciosos e de índole duvidosa. Agi pela emoção e não com a razão apenas para satisfazer o sistema imposto levará quem sempre foi vítima a ser um potencial opressor.

Os escravos fugiam muito, então foram contratados negros escravos como ‘capitães do mato’ para reprimir e evitar fugas dos que viviam nas mesmas condições de mercadorias. A escravidão era um costume socialmente aceito na época, por isso os escravos não viam contradição em possuírem escravos. Possuir escravos provavelmente lhes conferiam mais benefícios e um status mais alto que a liberdade.

O pobre só pode comprar gasolina para abastecer o veículo do patrão e não almoçar no shopping ao lado do filho de barão.

Boas Festas!

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