Maiores turbinas eólicas flutuantes do mundo entram em atividade e geram energia em Portugal

29 de julho de 2020, 16:54

O maior parque eólico flutuante semissubmerso do mundo está em operação em Portugal, em pleno oceano Atlântico, a uma distância de 20km da costa da cidade de Viana do Castelo, no norte do país (Foto: Divulgação)

O Windfloat Atlantic conta com três turbinas com potência de 8,4 megawatts (MW) cada, as maiores do mundo já instaladas em plataformas flutuantes.

“Juntas [as turbinas], têm uma capacidade total de 25 MW, o suficiente para fornecer energia a 60 mil pessoas durante um ano. O local em que o parque foi instalado foi escolhido tendo em conta os bons recursos eólicos do mar alto naquela região”, diz à Sputnik Brasil uma fonte oficial da EDP Renováveis, empresa que lidera o projeto.

A instalação do parque começou em outubro do ano passado. As turbinas ficam em cima de torres semissubmersas, que têm distância de 50 metros uma da outra, e estão em águas com aproximadamente 100 metros de profundidade.

A energia gerada é conduzida das turbinas até uma base em terra, na costa de Viana do Castelo, através de um cabo submerso.

“A tecnologia Windfloat permite a instalação de plataformas flutuantes em águas profundas, anteriormente inacessíveis para produção de energia eólica, e também porque tira partido dos abundantes recursos eólicos aí existentes, tornando-se assim mais competitiva. Esta tecnologia permite ainda poupar quase 1,1 milhões de toneladas de CO2 [dióxido de carbono], tornando-se por isso mais amiga do ambiente”, diz a EDP Renováveis.

 
Avanço no setor

Os parques eólicos offshore, como são chamadas as instalações flutuantes, são uma tendência em crescimento. De acordo com o último relatório da associação WindEurope, a Europa bateu um recorde em 2019 na implantação desse tipo de tecnologia. Foram instaladas 502 novas turbinas, em 10 centrais em alto mar, somando 3,6 gigawatts (GW) de potência.

Projetos no Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Bélgica e Portugal foram os responsáveis pelo incremento da rede.

A associação também alerta para a necessidade de mais investimentos no setor. “A Comissão Europeia diz que a Europa precisa de 230 a 450 GW de energia eólica offshore até 2050 para descarbonizar o sistema de energia e cumprir o Green Deal. Isso exige que a Europa construa 7 GW de novos parques offshore por ano até 2030 e aumente para 18 GW por ano até 2050. Mas o nível atual de novas instalações e investimentos está muito longe disso”, lê-se no comunicado de divulgação do relatório.

O Green Deal, ou Pacto Ecológico Europeu, apresentado em dezembro de 2019, prevê diversas ações para minimizar alterações climáticas. No início de 2020, a Associação de Energias Renováveis de Portugal avaliou a existência de um grande “desafio” no cumprimento das políticas nacionais. “Este panorama coloca o país com uma maior responsabilidade em alcançar os objetivos estipulados no Plano Nacional de Energia e Clima 2030”, lê-se no comunicado da entidade.

De acordo com a EDP Renováveis, a tecnologia do parque eólico flutuante português poderá ser replicada em outros países.

“Para áreas marítimas perto da costa, mas com águas profundas, a tecnologia utilizada no Windfloat Atlantic é absolutamente inovadora e disruptiva. Por ter um custo competitivo, o nosso objetivo é replicar o projeto em outros locais com as mesmas características geográficas de Viana do Castelo, como Espanha, França, Japão, entre outros”, diz a empresa.

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