O fato de o papa Francisco ser tanto argentino como jesuíta pode trazer simpatia à causa brasileira no Vaticano, mas dificilmente irá acelerar o processo de canonização. Sepé deve ser transformado em santo não por operar graças e milagres, mas por ser considerado um mártir. Para o padre Kloppenburg, Sepé morreu também por sua fé —ele compunha a terceira geração de guaranis missioneiros, ou seja, católico de nascimento, sem ter sido catequizado. Mas o conceito de mártir da Igreja Católica foi ampliado, explica o teólogo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), frei Luiz Carlos Susin, completa a Folha.
Guarani morto ao defender território pode ser primeiro santo indígena brasileiro
23 de setembro de 2019, 07:43
(Foto: Reprodução)
Reportagem de Paula Sperb na Folha de S. Pauloa informa que a frase “Esta terra tem dono” é atribuída ao guarani Sepé Tiaraju (1723-1756) durante a batalha em que tentava proteger 30 mil índios de uma remoção forçada pelo exército unificado dos reinos de Portugal e Espanha. Ele e outros 1.500 índios morreram no conflito que ocorreu na região da atual cidade de São Gabriel, no Rio Grande do Sul.
De acordo com a publicação, herói oficial registrado no Panteão da Pátria ao lado de figuras como Getúlio Vargas e Leonel Brizola, Sepé agora pode ser o primeiro santo indígena do país. O Vaticano autorizou em 2017 o início de seu processo de canonização. Desde então, ele já é considerado como “servo de Deus”. O processo pode durar anos, sem previsão de término. O indígena ainda terá de ser venerável, beato e, finalmente, santo. Nesse período, a relação com os fiéis é fortalecida e uma oração já foi escrita (leia mais abaixo). “A canonização confirmará o que já é realidade junto ao povo. Sepé Tiaraju foi santificado praticamente desde a sua morte e há muitos anos já é chamado de São Sepé pelas pessoas. Tem cidade chamada São Sepé, rua, mercado…”, diz o padre Alex Kloppenburg, 65, da paróquia de dom Pedrito, cidade da região das Missões Jesuíticas, onde o indígena viveu —as ruínas das Missões são tombadas como patrimônio da humanidade pela Unesco.
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