CULTURA

Brasil é ouro na Olimpíada, não a de Tóquio, mas a de Física

29 de julho de 2021, 20:26

Foto: Reprodução

Sim, o Brasil levou ouro na Olimpíada. Não na que está sendo acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo, mas em uma competição que, embora atraia bem menos atenção, também possui grande importância. É a Olimpíada Internacional de Física, considerada a mãe de todas as competições científicas.

Quem subiu virtualmente ao topo do pódio foi Caio Augusto Siqueira, 17, um jovem talento que enveredou tardiamente para a física. Desde criança mais voltado às ciências exatas, ele chegou a ficar dividido entre a matéria na qual ganhou o ouro e a matemática.

“Comecei a perceber que, com a física, além de eu conseguir entender um pouco mais, sentia mais prazer. Sabe quando você está estudando alguma coisa e você não entende, só que tem prazer de querer compreender o que está rolando? Eu sentia isso na física”, explica.

Caio Augusto Siqueira, 17, ganhou a medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Física.

Natural de Ribeirão Preto (SP) e morador de Santo André (ABC paulista), Caio quis fazer o ensino médio no Colégio Objetivo, responsável por outras duas medalhas douradas brasileiras na Olimpíada, em 2011 e 2012.

Já no 1º ano, o jovem levou o ouro na Olimpíada Internacional Júnior de Ciências. “Na comunidade de olimpíadas científicas, ele foi nosso Italo Ferreira”, diz, empolgado, Ronaldo Fogo, professor-orientador nos Cursos Especiais de Física do Objetivo, comparando Caio ao surfista que conquistou o pódio nesta terça-feira (27).

O estudante aproveitou sua facilidade na matéria para se dedicar exclusivamente a ela, estudando livros do ensino superior e em outros idiomas. Antes da pandemia, era comum encontrá-lo na escola estudando até tarde da noite obras em inglês, russo e francês.

Em casa por causa da pandemia, Caio precisou adaptar o método de estudo, que algumas vezes chegou a 16 horas por dia, e passou a recorrer aos professores por WhatsApp. “Eles tentaram bastante [responder às dúvidas] e começaram a definir horário para tirar dúvida porque não tinha como responder tudo ao mesmo tempo”, diz, entre risos.

No início, o período em casa foi de tristeza e insatisfação, e o jovem fala que a solidão bateu, dando até vontade de parar com a dedicação à física. “Depois de um tempo, senti o prazer de estar sozinho, estudando no meu canto. No fim, até acho que foi melhor pra mim.”

A disciplina rendeu o ouro na Olimpíada, realizada remotamente entre 17 e 24 de julho. A delegação brasileira se reuniu em Campina Grande (PB) para fazer a prova, monitorada por um júri lituano. Ao todo, foram 380 estudantes de 76 países.

Durante cinco horas, os competidores tiveram que demonstrar seus conhecimentos de física moderna e mecânica quântica, na prova teórica, e de eletricidade e comportamento de dispositivos eletrônicos, na prova experimental.

“A prova é desenhada perfeitamente para você não entender o que está acontecendo”, define Caio, que diz ter levado 1h30 só para ler os exercícios. As medalhas são divididas por faixas de pontuação, então é possível que mais de uma pessoa ganhe a de prata ou a de bronze, por exemplo.

De acordo com o professor Fogo, o Brasil tem tradição de bronzes e já ganhou algumas pratas na competição, criada em 1967. O ouro, porém, é extremamente raro. “Não dá para começar a se preparar meses antes. Na minha experiência, foi um curto intervalo de tempo para o Caio estar tão bem preparado assim.”

A edição virtual da Olimpíada Internacional de Física impossibilitou o contato dos jovens com alguns pesquisadores ganhadores do prêmio Nobel, que costumam dar palestras e tirar fotos com os jovens, e também com olheiros de grandes universidades internacionais.

Caio não descarta fazer graduação no Brasil, mas diz que seu sonho é estudar fora do país -os outros dois brasileiros medalhistas de ouro foram para os EUA. Por ora, ele pensa em cursar ciências da computação.

O jovem, que se define como extrovertido e fechado ao mesmo tempo, diz que não se vê como o mais esperto em uma sala, mas sim como aquele que mais vai correr atrás e tentar melhorar. E é isso que o medalhista de ouro precisa fazer com geografia, a matéria que menos gosta, para passar de ano. Afinal de contas, o ano escolar ainda não acabou.

O Tempo

Leia mais...

COCOCI: Uma cidade fantasma no sertão do Ceará (Fotos)

14 de julho de 2021, 11:03

Foto: Reprodução

A Depressão Sertaneja é uma região no Sertão dos Inhamuns do Ceará, onde se encontra o intervalo entre a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica, predominantemente coberta pela caatinga, e é formada pelos municípios de Arneiroz, Catarina, Saboeiro, Aiuba, Tauá e Parambu.

Cococi é um distrito de Parambu, a cerca de 450 quilômetros de Fortaleza, e foi fundada no início do século XVIII pelo coronel Francisco Alves Feitosa, por volta de 1710. O censo feito pelo IBGE em 1950 registrou pouco mais que 2 mil habitantes na pequena cidade.

Com a retirada da família Feitosa em meados de 1965, depois que uma lei estadual extinguiu o município de Cococi – provavelmente por corrupção do prefeito –, aos poucos a cidade se tornou economicamente inviável para se morar ou instalar qualquer tipo de negócio. Então não demorou para que a família Feitosa fosse seguida pelos demais moradores, decretando o fim de Cococi.

Quem ficou para trás

Antiga residência do Major Feitosa primeiro e último 
Prefeito do Cococi

Com uma praça, um hotel, um cartório, um posto fiscal, uma câmara municipal e várias residências, Cococi foi desaparecendo ainda mais do mapa, até que apenas 7 pessoas restassem na cidade até 2012.

Seis anos depois, uma matéria feita pelo Domingo Espetacular, da Rede Record, mostrou que apenas 5 pessoas restaram no distrito em ruínas, que conta apenas com duas casas e a igreja conservadas.

“Aqui sempre aparecem historiadores, pesquisadores e interessados na história de Cococi”, disse uma das moradoras, Ana Cláudia. “Também temos sempre visita de pessoas para gravar entrevistas e filmes”.

Maria Clenilda Lobo, outra habitante, descreveu o distrito como uma “cidade fantasma onde não acontece nada na maior parte do ano”. A mulher tira da agricultura seu único meio de subsistência.

Atualmente é como se Cococi nunca tivesse existido, nem para as pessoas, tampouco para a história local.

Ruinas do Hotel e a Câmara do Cococi 
Capela de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do Cococi,
restaurada pela família Feitosa

Fonte: Megacurioso

Leia mais...

Governo Bolsonaro cita Deus para barrar apoio a festival de jazz antifascista na Bahia

12 de julho de 2021, 15:18

Foto: Divulgação

Um festival de jazz na Bahia foi impedido de captar recursos via Lei Rouanet pela gestão Mario Frias, que comanda a Cultura no governo Bolsonaro. O processo foi analisado dentro do âmbito da Fundação Nacional das Artes, a Funarte, num documento carregado de referências religiosas.

O parecer desfavorável ao Festival de Jazz do Capão, que está em sua nona edição, começa com a frase “o objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma”, atribuída a Johann Sebastian Bach.

No Facebook, o Festival de Jazz do Capão, na Chapada Diamantina, postou em 1º de junho uma imagem se declarando “antifascista e pela democracia”.

A postagem é apontada pelo parecer como uma das motivações do parecer ter sido negativo.

“Localizamos uma postagem do dia 1º de junho de 2020, com uma imagem, contendo um ‘slogan’ para ‘divulgação’, com a denominação de Festival Jazz do Capão, na plataforma Facebook, a qual complementou os fundamentos para emissão deste parecer técnico”, afirma o parecer.

Na seção “Sobre a aplicabilidade da lei federal de incentivo à cultura em objeto artístico cultural” do parecer, a primeira frase é “por inspiração do canto gregoriano, a música pode ser vista como uma arte divina, onde as vozes em união se direcionam à Deus (sic)”.

O parecer é ainda recheado com citações, versos em latim e frases como “A Arte é tão singular que pode ser associada ao Criador”.

A conclusão é que o projeto traria “desvio de objeto, risco à malversação do recurso público incentivado com propositura de indevido uso do mesmo”.

Segundo Tiago Tao, produtor-executivo do Jazz no Capão, o festival já havia sido aprovado na Rouanet outras vezes, as mais recentes de 2017 a 2019. “Geralmente o parecer tem um teor bem técnico”, afirma Tao, sobre a diferença entre os documentos em anos anteriores e o conteúdo do parecer de 2021, que tem versos de Beethoven, diálogo entre Platão e Glauco, além de menções ao “Criador”.

O parecer é assinado por Ronaldo Gomes, assessor técnico da presidência da Funarte. Uma semana depois, Gomes foi exonerado do cargo.

O documento também é assinado por Marcelo Nery Costa, diretor-geral da Funarte, nomeado em maio pelo general Luiz Eduardo Ramos. Nery ocupava um cargo de assessoria no Escritório de Governança do Legado Olímpico, estrutura criada para ser responsável pela gestão de instalações construídas para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.

A reportagem entrou em contato com a Funarte, questionando o uso de justificativas de teor religioso num parecer técnico, mas não obteve resposta até a publicação desta nota.

A gestão do ex-“Malhação” foi responsável recentemente por um expurgo de livros entendidos pelo governo como problemáticos da Fundação Cultural Palmares –parte do material foi dividido em grupos como “iconografia delinquencial”, “sexualização de crianças” e “livros de e sobre Karl Marx”.

Frias e seu secretário de Fomento, André Porciuncula, participaram de lives direcionadas a artistas cristãos, dando dicas sobre Lei Rouanet. Tanto o mecanismo de fomento quanto a Agência Nacional do Cinema têm andado em marcha lenta nos últimos tempos, o que é atribuído pelo governo a prestações de contas atrasadas.

Quando uma live de temática LGBT foi cancelada na véspera pela prefeitura de Itajaí, em Santa Catarina, Frias comemorou.

Folhapress

Leia mais...

Secretaria de Cultura da Bahia prorroga validade dos Editais Setoriais 2019

23 de junho de 2021, 10:17

Foto: Mateus Pereira/Gov-Ba

Em virtude da pandemia da Covid-19, que impactou severamente as atividades do setor cultural, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) prorrogou a validade dos Editais Setoriais 2019 até 31 de dezembro de 2021. A ampliação assegura que os projetos habilitados na análise de mérito dos certames assinarão o Termo de Acordo e Compromisso (TAC) para execução, desde que atendam a recomendação da Procuradoria Geral do Estado (PGE), de adequação dos projetos à pandemia.

Os Editais Setoriais 2019 estão passando por uma revisão minuciosa, visando equacionar as restrições da crise sanitária à segurança na continuidade da seleção e promover a adequação às normas legais vigentes neste período.

A suspensão temporária da assinatura dos TACs ocorreu em razão de Mandado de Segurança Cível, impetrado por um dos proponentes. Contudo, o Tribunal de Justiça da Bahia já se manifestou pelo despacho da ação, de modo que a SecultBA aguarda a publicação do ato do Poder Judiciário para dar prosseguimento às etapas previstas.

Novas informações sobre o andamento das chamadas públicas serão divulgadas no site da SecultBA e no Sistema de Informações e Indicadores em Cultura – Clique Fomento (SIIC/Clique Fomento).

Mesmo em meio à pandemia da Covid-19, a SecultBA deu prosseguimento à política de democratização do acesso aos recursos públicos para o fomento de projetos em diversos segmentos culturais. Propostas apoiadas pelo Programa Estadual de Incentivo ao Patrocínio Cultural (Fazcultura) e pelo FCBA com os editais de Ações Continuadas de Instituições Culturais e Eventos Culturais Calendarizados que vêm apostando na criatividade para superar as restrições impostas pela crise sanitária, com a substituição de eventos presenciais por apresentações em plataformas digitais, como o Festival de Dança (OnLine) e o Festival de Rua (OnLine) e a realização de etapas de pré-produção dos projetos.

Demais Investimentos Culturais O setor cultural, durante a pandemia do covid-19, pôde contar também com a Lei Aldir Blanc (LAB) que distribuiu recursos Federais para que Estados e Municípios executassem políticas para cumprimento da Lei. Além da Renda Emergencial, o Programa Aldir Blanc Bahia (PABB) lançou editais de premiação e chamamento público. O resultado foi mais de R$ 98 milhões executados, atendendo aos incisos I e III da LAB.

Os certames estão sendo coordenados pela Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura (Sudecult) da SecultBA, pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) e pelas unidades vinculadas: Fundação Pedro Calmon (FPC); Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac). Esses investimentos na Cultura contam com recursos via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Leia mais...

Estudo mostra benefícios de contar histórias para crianças

09 de junho de 2021, 19:37

Foto: Reprodução

Contar histórias para as crianças traz tanto benefícios fisiológicos quanto emocionais para elas. É o que provou um estudo inédito realizado com crianças de 2 a 7 anos, internadas em unidades de terapia intensiva (UTIs). Ao final de leituras de até 30 minutos, elas relataram sentir menos dor, passaram a encarar o tratamento de forma mais positiva e ficaram mais confiantes. 

Os resultados do estudo do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Federal do ABC (UFABC), feito em parceria com a Associação Viva e Deixe Viver (Viva), foram publicados este mês na Proceedings of the National Academy of Sciences, periódico científico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

“[A contação de história] possibilita que, a partir do pensamento e da imaginação, a criança comece a habitar outro mundo, vá para outro mundo, o do personagem. Esse transporte que a narrativa permite, tira a criança daquele ambiente da UTI”, diz o pesquisador associado do IDOR e primeiro autor do estudo, Guilherme Brockington.

A pesquisa foi realizada com 81 crianças, de 2 a 7 anos, internadas na UTI no Hospital São Luiz Jabaquara, da Rede D´Or, em São Paulo. Todas apresentavam condições clínicas similares e problemas respiratórios como asma, bronquite e pneumonia.

Cerca da metade delas (41) participou de um grupo no qual contadores voluntários da Associação Viva e deixe Viver liam histórias infantis durante 25 a 30 minutos. O outro grupo, de 40 crianças, participou de jogos com perguntas de enigmas e adivinhações propostas pelos mesmos profissionais e durante o mesmo intervalo de tempo.

Para medir os efeitos das intervenções, foram coletadas amostras de saliva de cada participante com o objetivo de analisar as oscilações de cortisol e ocitocina, que são, respectivamente, substâncias relacionadas ao estresse e à empatia. As amostras foram coletadas antes e depois de cada sessão. As crianças também realizaram um teste subjetivo sobre o nível de dor que estavam sentindo antes e depois de experimentarem as atividades, bem como realizavam uma tarefa de associação livre de palavras ao verem sete cartas com ilustrações de elementos do contexto hospitalar.

A análise dos dados mostrou que os dois grupos foram beneficiados. Os resultados do grupo que participou da contação de histórias, no entanto, foram duas vezes melhores do que o grupo das adivinhações.

“O que a gente acredita, pelo conjunto de evidências, é que esse elemento de conexão humana, de terem duas ou mais pessoas juntas conversando sobre a mesma história e compartilhando aquele momento, isso de fato tem se mostrado um elemento fundamental para ampliar esse poder da narrativa”, diz Brockington.

O fundador da Viva, associação que atua com contação de histórias em hospitais há 24 anos, Valdir Cimino, afirma que a intenção do grupo era, inicialmente, apenas promover a leitura entre crianças.

“Mas acabei vendo outros benefícios. Quando se entra em um quarto onde a criança está triste e se propõe uma atividade, isso já a tira da situação dolorosa, triste e chata. A criança, principalmente na faixa da primeira infância [etapa que vai de 0 a 6 anos], não entende porque ela está lá”, diz.

Segundo Cimino, as histórias ajudam os pequenos a passar por momentos difíceis. Em hospitais onde atuam, os contadores são parceiros no tratamento. “Nós somos prescritos, [atuamos junto à] área de psicologia, de assistência social. Quando percebem que a criança está triste, chateada, que precisa passar por um procedimento chato, eles nos alertam. Avisam que ela vai passar por processo doloroso e que precisa de coragem. Então, nós levamos alguns títulos e brincadeiras com as quais discutimos essa temática”, conta.

Apesar de não poder estar presencialmente nos hospitais, a associação segue com atividades remotas e leituras online. As transmissões têm atraído não apenas aqueles que estão em ambientes hospitalares, mas professores, famílias e outras pessoas, que acompanham de casa.

O estudo foi realizado em 2018, antes, portanto, da pandemia de covid-19. Brockington acredita, entretanto, que os benefícios verificados nos hospitais podem se transpor para outros contextos e ajudar mais crianças e famílias em casa, principalmente, agora, nesse momento de surto sanitário.

“A UTI guarda similaridade com o que as crianças estão vivendo. Estão em isolamento, estão longe dos amiguinhos, da família, dos avós, ficam restritos no mesmo ambiente, com incertezas e tensão por conta do vírus. Se pudesse incentivar os pais, os amigos e familiares a lerem mais, a contarem histórias, seria muito bacana”, diz o pesquisador.

Leia mais...

Opinião: O cangaço tem de ser mais estudado!

17 de janeiro de 2021, 11:42

* Josias Gomes – 

Baiana, natural da brava Paulo Afonso

Ela nasceu Maria Gomes de Oliveira, ficou conhecida como Maria de Dea acréscimo que veio do nome de sua mãe, como é costume no nordeste. No entanto, depois de seu assassinato, passou a ser Maria Bonita. É verdade, só depois de sua morte é que ela recebeu esse nome. Incrível, não?

Se estivesse viva, Maria Bonita completaria hoje 111 anos. No mesmo dia do seu nascimento, 55 anos depois nos Estados Unidos, nascia Michelle Obama que veio a ser anos depois a primeira-dama norte-americana.

O cangaço já foi objeto de vários estudos sociológicos, históricos, mas ainda acho que o tema é objeto de interpretações de vários estudos pouco esclarecedores do momento em que ocorreu o fenômeno, onde a lei era o “olho por olho, dente por dente” vigente no nordeste. Não sei, mas ainda cabem estudos que dêem conta de forma mais profunda qual o mundo político nordestino da época e seus atores principais. O tema precisa ser socializado para entendermos, inclusive, os movimentos libertários que se seguiram na região, a exemplo das lutas campesinas.

Desde a adolescência, me interessei pelo tema, o primeiro livro que li sobre o cangaço foi Lampião, Cangaço e Nordeste de Aglae Lima de Oliveira, isso quando ainda estava no Ginásio Agrícola de Escada no início dos anos de 1970. O aprendizado adquirido no livro me valeu o direito de responder sobre Lampião num programa que a direção do Ginásio fazia semanalmente, imitando a rede Tupi, que tinha um programa onde o apresentador Jota Silvestre entrevistava uma pessoa sobre uma personalidade, até o mesmo cometesse um erro de resposta.

Aglae respondeu durante meses sobre Lampião, eu assisti a todos os programas. Depois continuei lendo muito sobre o tema, mas confesso que é necessário mais estudos.

Recentemente, o tema da mulher no cangaço tem sido objeto de estudos que valem a pena serem lidos, a maioria é biografias, mas contextualiza muito bem a presença das mulheres no cangaço.

Para conhecer e compreender a razão e o porquê de mulheres de ingressarem no cangaço, torna-se indispensável a leitura destas novas publicações.

No entanto, hoje é dia de relembrar a mais importante mulher cangaçeira, a rainha do cangaço. Foi casada com Zé de Neném, natural de Santa Brígida, – terra do meu companheiro Gordo de Raimundo- abandonou o marido pra se unir ao rei do cangaço. Alguém naquele mundo de meu Deus brigaria com o “homi” pela posse de Maria de Dea?

A história do Cangaço explica o mundo de opressões que vivia os nordestinos.
Lampião e o seu bando de valentes não foram meros assassinos. Foi um homem do seu tempo que não aceitou o assassinato do seu pai, nem a usurpação da pequena propriedade de terra. Lutou como um Dante, errou como qualquer um erraria naquelas condições opressoras.

É preciso entender as razões políticas e econômicas para se fazer justa análise das inúmeras atrocidades praticadas pelos cangaçeiros e seus perseguidores – as tropas oficiais- já documentadas e do conhecimento geral. É tanta riqueza histórica que precisamos nos debruçarmos pra entender a capacidade que o comandante Lampião exercia no Nordeste e fazia temer o poder Federal. Tanto que foi condecorado pelo estado como Capital Virgulino, o objetivo era jogar o cangaço contra a Coluna Prestes, fato que não ocorreu mas que serviu pra receber armamento moderno.

Também carecemos de mais explicações sobre o fato de Lampião ter uma série de coiteiros, dentre eles, governadores, latifundiários, policiais militares. Talvez essa conjuntura nos alertem para um fato: a revolução de 1930 com suas ambiguidades, mas que tenha vindo pra modernizar o país e em grande parte o fez. Apesar de manter a mesma estrutura social que bem poderia dar fim nesse país que era e continua sendo tão desigual. Getúlio se tornou um ditador que navegou na onda autoria dos anos Hitler/ Mussolini.

Igual aos dias atuais, onde somos mais uma vez, um país refém de uma onda antidemocrática patrocinada por um déspota que contou com apoio da direita e de grande parte da mídia.

E a essa altura, na há nordestino cabra da peste que não diga: ah, Lampião que faz falta!

Mesmo que a afirmação acima seja exagerada, é inegável que devemos beber da fonte de coragem de Lampião e Maria Bonita, usando os meios democráticos para subvertermos a opressão do desgoverno que consegue ser mais violenta do que os tempos do Cangaço!

*Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).

Leia mais...

Há 125 anos, os irmãos Lumière faziam a primeira exibição de um filme

30 de dezembro de 2020, 10:40

Foto: Reprodução

Ofinal do ano de 1895 em Paris foi marcado por um evento que mudaria a história do mundo: no dia 28 de dezembro, no café mais badalado da Cidade Luz, os irmão Lumière organizaram a primeira exibição de um filme e apresentaram uma grande invenção: o cinematógrafo.

Para entender a história do cinema, temos primeiramente que pensar na fotografia. Nela é possível fixar a imagem em uma superfície: papel, metal ou vidro. E o que o cinematógrafo fez foi colocar uma série de imagens gravadas em movimento.

Tanto que a palavra cinema é a abreviação de cinematógrafo: cine que vem do grego movimento e ágrafo, que significa gravar.

O gerente da cinemateca do museu do amanhã, no rio de janeiro, Hernani Heffner lembra que a invenção é fruto de muita pesquisa.

O aparelho que mudou a história do mundo não foi comercializado pelos seus criadores, Auguste e Louis Lumière. Mas logo surgiram as réplicas. E uma curiosidade: um ano depois da exibição em paris, os irmão Lumière fizeram a primeira exibição de um filme no rio de janeiro, no dia 8 de julho de 1896, marcando assim a chegada do cinema no Brasil.

Com informações da Agência Brasil

Leia mais...

Reforma no MAM da Bahia gera críticas por ameaçar projeto de Lina Bo Bardi

20 de dezembro de 2020, 15:14

Foto: Reprodução

Sem comando próprio há um ano, quando a diretora Tereza Lino foi exonerada, o Museu de Arte Moderna da Bahia -o MAM-BA- está com obras em andamento para a reforma do restaurante e do atracadouro, previstas para serem concluídas em maio de 2021, conforme divulgado nas redes sociais do museu.

A nomeação da direção do MAM-BA é tarefa do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o Ipac, responsável pelos museus estaduais, que informou que “o cargo será ocupado tão logo existam indicativos de segurança mínimos para abertura dos equipamentos”, acrescentando que vem construindo a articulação para nomeação.

De frente para a baía de Todos-os-Santos, em Salvador, o MAM-BA funciona no Solar do Unhão, imóvel tombado do século 17. O restauro, inaugurado em 1963, foi um projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi.

Para Francesco Perrotta-Bosch, autor de biografia de Lina Bo Bardi que será lançada no ano que vem, as reformas que estão sendo feitas no MAM-BA descaracterizam a obra da arquiteta italiana.

Além da descaracterização física, a grande descaracterização é com relação à ideia de museu e de instituição que Lina Bo Bardi tinha para o Solar do Unhão”, diz. “Ela tinha um projeto cultural, mas ao mesmo tempo econômico, arquitetônico e de design extremamente singular, impressionante para aquele espaço, e ele vai totalmente contra a cultura do turismo e dos espetáculos.”

Esta etapa das obras do MAM-BA faz parte do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo. Segundo a Secretaria de Turismo da Bahia, as embarcações só poderão parar no novo atracadouro no embarque e desembarque no restaurante, que terá capacidade para 200 pessoas.

“Existia um píer de madeira, leve, mas o que está sendo feito é outra coisa, muito mais agressiva”, diz Nivaldo Andrade, ex-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil.

Ele afirma que intervenções anteriores também descaracterizaram o restauro original. “Lina pensou num espaço aberto para a Baía de Todos-os-Santos. Quando climatizaram, fecharam tudo.”

O Ipac informa, por meio de sua coordenação de comunicação, que até agora não recebeu críticas às abordagens de restauração que ocorrem no museu, ressaltando que todas as obras de reforma foram anunciadas desde o ano passado e trazem projeto analisado e aprovado pelo Iphan.

O MAM-BA tem obras de artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Pierre Verger. No início de dezembro, o governador Rui Costa anunciou que o acervo do cineasta Glauber Rocha será instalado ali.

Fechado por causa da pandemia, o museu recebe cerca de 200 mil visitantes por ano.

  • Fonte: Folhapress 
Leia mais...

Cinemas poderão reabrir em Salvador a partir de segunda

12 de setembro de 2020, 08:08

Foto: Reprodução

Os cinemas, teatros e centros de eventos de Salvador poderão reabrir a partir da próxima segunda-feira (14/10), indicou o prefeito ACM Neto (DEM).

Ao falar com a imprensa sobre a reabertura nesta sexta, o prefeito afirmou que os cinemas deverão seguir um protocolo de medidas de prevenção definido pelo setor, e terão o horário de funcionamento de segunda a domingo, das 12h às 23h. A venda de ingressos deverá ser feita, preferencialmente, por meio digital.

“Os resultados de Salvador no combate ao novo coronavírus têm sido excelentes nesses seis meses de medidas contra a doença. Quando anunciamos a reabertura de alguma atividade é porque temos plena convicção de que isso pode acontecer com segurança”, afirmou ACM Neto.

Em uma das medidas de prevenção definidas, ingressos para poltronas adjacentes só poderão ser compradas pelo mesmo cliente — e, mesmo assim, apenas dois assentos. Para clientes diferentes, um distanciamento mínimo de duas poltronas será exigido.

Além disso, haverá medição de temperatura dos espectadores na entrada e o uso de máscaras será obrigatório.

As mesmas regras básicas servirão para os teatros, locais de shows e eventos.

Leia mais...

Caetano: Pessoas estão “prestes a perder a liberdade” democrática no Brasil

09 de setembro de 2020, 16:13

Foto: Reprodução

Ocantor Caetano Veloso disse hoje que as pessoas estão “prestes a perder as liberdades” democráticas no Brasil, numa videoconferência sobre o Festival de Veneza, onde foi exibido um documentário sobre a sua prisão durante a ditadura militar.

“Por trás da aparência de uma democracia, há no Brasil uma ameaça mais sutil, menos clara. Há uma estrutura autoritária, quase uma doença (…) que corrompe os princípios democráticos, impede a circulação de ideias e a afirmação de direitos”, afirmou o cantor.

Veloso, de 78 anos, não pôde fazer a viagem até a cidade italiana de Veneza devido às restrições ligadas à crise sanitária da pandemia de covid-19, mas o documentário “Narciso em Férias”, sobre parte de sua vida, foi apresentado no evento fora do circuito de competição.

No filme, Caetano faz uma retrospectiva da sua permanência na prisão, por 54 dias, durante o período da ditadura militar (1964-1985). O filme mostra traz um testemunho íntimo e comovente do cantor sobre os dias em que esteve preso, no ano de 1968, por ordem de agentes da ditadura.

“A situação é diferente da de 1968, mas a forma de gerir a coisa pública no meu país não corresponde ao menos a de uma democracia”, frisou o cantor, referindo-se ao Governo liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro, cujo nome ele se recusou a mencionar.

“Na época havia uma ditadura explícita, hoje estamos prestes a perder as liberdades democráticas”, acrescentou o cantor, ícone de toda uma geração que lutou contra o regime militar autoritário, que tem sido exaltado pelo atual presidente.

No filme, que não inclui outras entrevistas, Caetano relê um interrogatório contra ele realizado pela polícia, que foi recentemente encontrado, no qual ele é acusado de “terrorismo cultural” por ter mudado a letra do hino nacional.

“Foi muito comovente. Não fazia ideia da sua existência. Este documento reapareceu antes das filmagens do filme graças à investigação de uma comissão para a verdade”, especificou.

“Lembre-se, foi uma catarse para mim. Saí de casa pensando em gravar uma entrevista e, em vez disso, me vi 50 anos atrás, com uma história que guardei para mim por tanto tempo, e que me emocionou muito”, concluiu.

O 77.º Festival de Cinema de Veneza começou no último dia 02 e termina no próximo sábado.

Leia mais...