Ação humana transformou 89% da caatinga, diz estudo

18 de janeiro de 2024, 09:16

De acordo biólogos da UFPB e da UFPE, a área que deve ter sido ocupada por florestas, caiu de 731.211 km² para 31.793 km² (Foto: Gervásio Lima)

As áreas agrícolas e pastagens abandonadas ou em uso cobrem 89% da caatinga, único inteiramente brasileiro, que se espalha por dez estados do Nordeste e do Sudeste. Restam 11% da área coberta pela vegetação, no comparativo com a que deveria ter existido antes da ocupação humana. De acordo biólogos das universidades federais da Paraíba (UFPB) e de Pernambuco (UFPE), a área que deve ter sido ocupada por florestas, caiu de 731.211 quilômetros quadrados (km²), ou 84,6% da área total do bioma, para 31.793 km², ou 4% do total. A pesquisa foi divulgada em outubro na revista Scientific Reports.

“A caatinga resiste ao clima e a temperaturas mais altas, mas não à mão do homem”, afirmou o biólogo da UFPB Helder Araujo, principal autor do estudo. O pesquisador disse que áreas do bioma “foram ou são tomadas por uma vegetação modificada ou pela agropecuária”. “A vegetação secundária não consegue voltar a ser floresta novamente, mesmo depois de décadas”.

Os ecólogos Marcelo Tabarelli, que trabalhou com Araujo, e Inara Leal, os dois da UFPE, identificaram um dos efeitos da derrubada das matas nativas para cultivo ou pastagem. O aumento na quantidade de ninhos de saúva, que chegam a até 3 metros de profundidade, retardam o crescimento da vegetação quando a área é abandonada.

Com metodologias diferentes, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima estimou que restam 53% da caatinga e a organização não governamental MapBiomas calcuou em 47%.

Brasil247